Além das questões de concepção do papel de uma universidade comunitária, está em jogo no processo de escolha do reitor da UCS, uma disputa da visão do tipo de democracia a ser adotada. Quando os estudantes contestam que nove pessoas tem mais poder que os dez mil votantes, participantes do processo da consulta, na verdade não estão contestando a eleição ou os candidatos em si, mas a forma como se organiza este processo de escolha, pois o nome "consulta", por si só, já antecipa que ela poderá ou não ser aceita por quem detém o poder de decisão.
Portanto para que o desdobramento desta questão, tivesse de fato o resultado que a maioria da comunidade acadêmica aspirava, é necessário discutir o papel do Conselho Diretor da UCS e principalmente sua composição.
Em primeiro lugar, a atual formatação do conselho, que tem um representante da Prefeitura de Caxias (que em 1949, criou a Escola Superior de Belas Artes), um representante da Mitra Diocesana (que em 1958, criou a Faculdade de Ciências Econômicas), um representante da Sociedade Hospitalar Nossa Senhora de Fátima (fundadora da Faculdade de Direito,) dois representantes da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, um representante do Estado do Rio Grande do Sul e dois representantes do Ministério da Educação. Portanto são quatro representantes do poder público (município, estado e união), quatro representantes da "sociedade civil" (Fátima, Mitra e CIC) e o representante da própria UCS (reitor).
Parece-me que esta composição não representa mais a grandeza de uma universidade com uma atuação que se estende a uma área geográfica de 69 municípios, com unidades universitárias localizadas em: Bento Gonçalves, Vacaria, Canela, Farroupilha, Guaporé, Nova Prata, Veranópolis e São Sebastião do Caí.
Portanto esta luta está apenas começando, e seu foco principal deve ser pela mudança no Conselho Diretor, que precisa ter uma composição em que estejam representados professores, estudantes, trabalhadores (para fazer o contra ponto com a CIC).
A pluralidade de ideias nunca fez mal a ninguém, a não ser é claro para aqueles que querem manter tudo exatamente como está.