terça-feira, 23 de novembro de 2010

Habilidades ou conteúdo? Alguém ainda tem dúvida?


Este texto é resultado das discussões das aulas de pós graduação, na disciplina de Educação, Sociedade e Informação. 
Agradeço a Professora Catia Sbersi pelo apoio na correção do referido texto.


Habilidades ou conteúdo? Alguém ainda tem dúvida?

            “Vivemos em uma sociedade da informação que só se converte em uma verdadeira sociedade do conhecimento para alguns, aqueles que puderem ter acesso às capacidades que permitem desentranhar e ordenar essa informação (Pozo, 2003).

            Quando cursei a Licenciatura em História, tínhamos no curso dois grupos bastante representativos: os conteúdistas e os teoricistas. Os primeiros representavam aqueles que defendiam o estudo da história factual e os últimos aqueles que defendem a compreensão teórica do processo histórico.
            No mundo da educação, a discussão continua. Devemos educar ensinando conteúdos ou capacitando o educando para que a partir da  informação ele possa ser um produtor de conhecimento?
            Sempre que nos reunimos, um grupo de professores, a discussão é a mesma: a baixa remuneração, a falta de acompanhamento dos familiares, as condições de trabalho, a falta de interesse dos estudantes, a vulnerabilidade social de algumas famílias... Preocupamos-nos mais com as questões externas sobre as quais não temos governabilidade (isso não quer dizer que não devem ser discutidas e enfrentadas) e muitas vezes deixamos de pensar nas transformações no ambiente interno da escola que na maioria das vezes dependem exclusivamente dos educadores.
            “Aprender a aprender” deve ser o objetivo maior do estudante, principalmente no ensino fundamental. Para isso acredito que é necessária uma escola democrática, que possibilite um planejamento coletivo, a construção de planos de estudo que privilegiem o processo ensino aprendizagem e não somente a reprodução de conhecimento.
            Necessitamos de um choque de realidade que nos convença a dar mais atenção ao processo ensino aprendizagem e não nos frustrarmos tentando mudar aquilo que está além da nossa possibilidade enquanto educadores.
            As ações das práticas educacionais, por parte dos educadores, devem priorizar o amadurecimento da capacidade de análise e compreensão do estudante, priorizando a construção das habilidades e competências que possibilitem o domínio da informação. Obviamente não podemos desprezar o conhecimento científico acumulado pelas civilizações que nos antecederam, mas ele deve ser trabalhado no sentido de ser mais uma ferramenta de aprendizagem e não um fim em si mesmo. Diferentemente dos filósofos gregos, para citar somente uma das civilizações mais conhecidas, ninguém na sociedade atual terá o domínio de todo o conhecimento produzido e acumulado, portanto a opção de escolher a área a que cada um vai se especializar deve ser respeitada, mas todos devem ter o domínio mínimo das habilidades e competências essenciais, independente das escolhas que façam.
            Para finalizar, a escola deve ser um local de aprendizagem com interação, produzindo um cidadão que possa ter a clareza de optar por aquilo que o fará mais feliz, ainda que este não tenha sido o futuro que seus educadores tenham planejado para ele, pois pensamos a educação de forma idealizada, mas precisamos compreender que a sua prática deve ser concreta e adequada a realidade de cada um.

domingo, 21 de novembro de 2010

Na “festa” da Cultura Digital, educação ganha voz

Na “festa” da Cultura Digital, educação ganha voz

Grupo de Estudos promoveu encontro presencial, que extrapolou a sua própria rede
Giulliana Bianconi

Há mais coisas em comum entre o Fórum da Cultura Digital e o Grupo de Estudos Online Educar na Cultura Digital além do nome que apresentam. O que pôde ser visto - e sentido - durante os três dias da segunda edição do Fórum, na Cinemateca, em São Paulo, foi um ambiente de intenso compartilhamento e até de euforia entre os participantes.

Entusiasmo que talvez se justifique por estar mais evidente, a cada edição do Fórum, que a máxima defendida pelos mais engajados na cultura digital parece irrefutável: esta é a cultura “real”, e não somente à qual se tem acesso “de vez em quando”.

E esta cultura é horizontalizada, ampla, agregadora. No Fórum, assim como acontece no Grupo, o que menos importava era “quem sabia mais”, quem era “doutor” ou “mestre”. A disposição dos participantes em discutir experiências e a pré-disposição para aprender, ouvir e interagir fez do evento um daqueles encontros em que é difícil alguém não “sair ganhando”. E não por acaso, no meio dessa atmosfera, aconteceu o primeiro encontro presencial do Grupo de Estudos Educar na Cultura Digital.
Participante do Grupo, a professora e mestre em Engenharia de Mídias para a Educação Débora Sebriam esteve na conversa. Explicou por que gostou da proposta do Educar na Cultura Digital “de cara”. “O Grupo nasceu e me inscrevi logo após o lançamento. Gostei muito do formato, que não privilegia ‘receita de bolo’, mas abre a chance para o diálogo e a experimentação entre pessoas com preocupações, anseios e curiosidades comuns”.

“Receitas” também foram dispensadas do encontro presencial. Como bem foi destacado em
texto do blog Recursos Educacionais Abertos , “em vez de algumas pessoas, definidas previamente, apresentarem suas experiências e responderem a perguntas, como estava previsto, o encontro floresceu como uma roda de conversa horizontal em que as cerca de 40 pessoas presentes puderam se apresentar e discutir os temas que surgiam”.

Com o tema “educação na cultura digital” , problemas foram apontados, dificuldades discutidas, mas uma visão otimista predominou. Tanto os integrantes do Grupo de Estudos quanto os das outras redes educativas presentes - REA, Mocambos, Puraqué - tinham boas experiências para compartilhar. Mais que isso: tinham expectativas de avanço e transformação graças ao que já vivenciaram nas redes em que atuam. O professor José Carlos Antônio, mediador do Grupo de Estudos, destacou: “Antes, os educadores não tinham acesso à cultura digital, não a vivenciavam em suas práticas. Hoje começam a vislumbrar possibilidades”.

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domingo, 9 de maio de 2010

A escola atual não é atualizada

            Temos hoje uma escola diferente da escola do passado, uma escola que era para poucos, se transformou em uma escola para muitos ou quase todos, mas seu funcionamento e organização ainda são da escola do passado (para poucos).
            Na escola do passado o aluno pobre, que passava fome, que tinha distúrbios emocionais, psíquicos, neurológicos, que estava em conflito com a lei, que tinha um núcleo familiar pouco estruturado, não frequentava os bancos escolares.
            Hoje casos como estes estão no dia a dia da escola e infelizmente o único responsável por todas estas questões ainda é o professor, que muitas vezes ocupa funções diferentes (direção, coordenação pedagógica, bibliotecário), mas na maioria das vezes tem formação para atuar na sala de aula, e em um único componente curricular.
            Os profissionais da educação se perguntam: Onde foi que nós erramos? Quem sabe a pergunta a ser feita seja: Onde foi que a sociedade errou ou continua errando?
            Certamente o erro não está na política da inclusão, uma escola para todos é uma política mais que correta. No entanto para que ela seja de fato para todos, precisa ocorrer uma mudança e está mudança não é papel somente do segmento dos profissionais da educação, ainda que a contribuição deste segmento seja primordial, mas as condições para que ocorram estas transformações devem ser criadas pelos gestores, uma vez que são eles que definem os investimentos.
            A escola está na contramão da história. Enquanto a grande maioria dos profissionais da educação está preocupada em listar conteúdos que serão repassados aos educandos, que na maioria das vezes são determinados pelo índice do livro didático, nossas crianças e adolescentes estão vivendo num mundo em que diariamente, estão sendo oferecidos desafios de toda espécie.
            A criança e o adolescente dos dias atuais, desde a mais tenra idade, estão em contato com a tecnologia. Mesmo nas comunidades mais pobres, a presença de telefones celulares, para citar somente uma das armas deste arsenal tecnológico, é comum. Na maioria das vezes o domínio que a criança e o adolescente têm desta tecnologia é muito melhor que o domínio que os adultos têm, sem que ninguém ensine, ela sabe operar este aparelho e inclusive sabe ensinar os adultos. Portanto ela está habituada a construir conhecimento, a desenvolver aprendizagem e repassar este conhecimento a outros.
            No entanto na escola, com raríssimas exceções, ela não terá a oportunidade de desenvolver aprendizagem, será na maioria das vezes uma decoradora de receitas prontas. A não ser é claro quando o professor (a) não conseguir operar o controle remoto do DVD ou TV e ela de forma espontânea mostrará a seu mestre, como se faz para operar o mesmo.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A falta de critérios na aplicação dos recursos públicos

    Trabalho em uma escola municipal que no ano que vem irá completar vinte anos de existência, com uma  saudável relação com a comunidade em que está inserida. Sempre que a escola convoca a população do Bairro Arcobaleno e dos demais bairros que a mesma atende (segundo levantamento recente são treze bairros e loteamentos), a participação é muito significativa, tanto numericamente como qualitativamente.
    Estou escrevendo sobre este histórico da participação da população destas comunidades, para inserir o assunto principal que é a recente assembléia do Orçamento Comunitário, realizada no dia 31 de março deste ano e a prioridade eleita pelos participantes. Na referida  assembléia, convocada pela AMOB do Bairro Arcobaleno, com o envolvimento da escola e seus profissionais, foi aprovada como primeira prioridade a reforma do telhado da escola. Os presentes por certo ficaram sensibilizados com os relatos da direção da escola, professores e funcionários, sobre os contantes problemas enfrentados nos dias de chuva, como o alagamentos da sala dos professores, dos baldes aparando a água das goteiras na biblioteca e do recente episódio que ocorreu durante a reunião do CPM e do Conselho Escolar, quando os pais foram convidados pela direção da escola para ajudarem a afastar os materiais da biblioteca que corriam o risco de estragar devido as goteiras que apareciam em vários pontos, devido a forte chuva que estava iniciando no momento desta salvadora reunião, pois se caso ele não estivesse acontecendo naquela noite, turno em que a escola está fechada, correríamos o risco de perder parte de nosso acervo de livros, revistas e diversos materiais de uso pedagógico , boa parte destes adquiridos com as verbas advindas das promoções realizadas pela escola  e outra vez com a participação da comunidade.
   A reunião do Orçamento Comunitário contou com a participação de 178 pessoas, que saíram da mesma certos de que contribuíram para que uma verba de aproximadamente R$ 100.000,00 (Cem Mil Reais), de a escola de seus filhos um telhado novo. Estão de parabéns a Diretoria da AMOB, da Escola e as quase duas centenas de homens e mulheres que foram participes deste processo de mobilização.
   Estou escrevendo sobre este bonito gesto de  uma comunidade, para ressaltar que infelizmente nem sempre os critérios de  aplicação dos  recursos públicos são iguais para todas as áreas da administração pública de nosso município, pois no meu entender a área da educação deveria receber cada vez mais recursos, mas pelo contrário, para que seja realizada uma reforma (não é a construção de uma escola nova), se faz necessário uma grande mobilização, e é necessário a participação de 178 pessoas, para que se consiga um investimento de R$ 100.000,00, para uma área que deveria ser a prioridade de um governo. No entanto alguns dias após, a mesma comunidade  que se orgulhou  de seu poder de mobilização, recebe a noticia de que o mesmo valor  que eles lutaram para  conquistar foi  repassado a uma empresa, para a produção de um filme sobre a cidade, e com certeza poucas pessoas tomaram esta decisão. 
   Não estou aqui discutindo a validade ou não da produção deste filme, mas sim contestando os critérios utilizados para a concessão desta verba pública. Seria interessante o prefeito e secretário de cultura perguntarem aos moradores dos bairros de nossa cidade se eles preferem que seja produzido um filme sobre a cidade de Caxias do Sul ou gostariam de ver estes valores aplicados na educação, saúde ou no saneamento básico, para citar só três áreas.
   Espero que estas ações do poder público sejam de fato analisadas pela população de nossa cidade, e cada um possa fazer o seu julgamento.

segunda-feira, 29 de março de 2010

A escolha do Reitor da UCS

     Além das questões de concepção do papel de uma universidade comunitária, está em jogo no processo de escolha do reitor da UCS, uma disputa da visão do tipo de democracia a ser adotada. Quando os estudantes contestam que nove pessoas tem mais poder que os dez mil votantes, participantes do processo da consulta, na verdade não estão contestando a eleição ou os candidatos em si, mas a forma como se organiza este processo de escolha, pois o nome "consulta", por si só, já antecipa que ela poderá ou não ser aceita por quem detém o poder de decisão.
     Portanto para que o desdobramento desta questão, tivesse de fato o resultado que a maioria da comunidade acadêmica aspirava, é necessário discutir o papel do Conselho Diretor da UCS e principalmente sua composição.
     Em primeiro lugar, a atual formatação do conselho, que tem um representante da Prefeitura de Caxias (que em 1949, criou a Escola Superior de Belas Artes), um representante da Mitra Diocesana (que em 1958, criou a Faculdade de Ciências Econômicas), um representante da Sociedade Hospitalar Nossa Senhora de Fátima (fundadora da Faculdade de Direito,) dois representantes da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, um representante do Estado do Rio Grande do Sul e dois representantes do Ministério da Educação. Portanto são quatro representantes do poder público (município, estado e união),  quatro representantes da "sociedade civil" (Fátima, Mitra e CIC) e o representante da própria UCS (reitor).
     Parece-me que esta composição não representa mais a grandeza de uma universidade com uma atuação que se estende a uma área geográfica de 69 municípios, com unidades universitárias localizadas em: Bento Gonçalves, Vacaria, Canela, Farroupilha, Guaporé, Nova Prata, Veranópolis e São Sebastião do Caí.
    Portanto esta luta está apenas começando, e seu foco principal deve ser pela mudança no Conselho Diretor, que precisa ter uma composição em que estejam representados professores, estudantes, trabalhadores (para fazer o contra ponto com a CIC).
    A pluralidade de ideias nunca fez mal a ninguém, a não ser é claro para aqueles que querem manter tudo exatamente como está.
Conferência Nacional de Educação PDF Imprimir E-mail

    A Conferência Nacional de Educação – CONAE é um espaço democrático aberto pelo Poder Público para que todos possam participar do desenvolvimento da Educação Nacional.
    Está sendo realizada em Brasília de 28 de março a 1º de abril de 2010, foi precedida de Conferências Municipais, que ocorreram no primeiro semestre de 2009 e de Conferências Estaduais e do Distrito Federal realizadas no segundo semestre do mesmo ano.
O Tema da CONAE, definido por sua Comissão Organizadora Nacional, será: Construindo um Sistema Nacional Articulado de Educação: Plano Nacional de Educação, suas Diretrizes e Estratégias de Ação
    A Comissão Organizadora Nacional é integrada por representantes das secretarias do Ministério da Educação, da Câmara e do Senado, do Conselho Nacional de Educação, das entidades dos dirigentes estaduais, municipais e federais da educação e de todas as entidades que atuam direta ou indiretamente na área da educação.
    Aqui em Caxias do Sul realizamos a discussão na esfera municipal e infelizmente não retiramos delegados, este processo ocorreu na etapa regional, em Farroupilha. Espero que os nossos representantes consigam trazer a discussão do que está ocorrendo em nível nacional e que a SMED e o Conselho Municipal de Educação criem espaços para que sejam discutidos os encaminhamentos de tão importante discussão.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Município publica Decreto das Aposentadorias Especiais

O Decreto 14.648 que regulamenta as aposentadorias especiais nas atividades de coordenação e assessoramento pedagógico será publicada no Diário Oficial desse domingo, 28/02/2010.
Está é mais uma vitória da funcionalismo público municipal de Caxias do Sul, de seu sindicato o SINDISERV, bem como da comissão que discutiu a minuta, trabalhando exaustivamente, por um longo período e teve o mérito de aprovar esta redação, que agora se torna decreto, por unanimidade.
Finalmente se faz justiça aos colegas que desempenharam funções de direção de escola, coordenador ou articulador pedagógico, professores de laboratório de informática educativa, professores substitutos, professores de apoio pedagógico/substituição, professores itinerantes, professores de projetos pedagógicos, professores responsáveis pela biblioteca escolar, professores de laboratório de aprendizagem e professores responsáveis pelo serviço de orientação educacional.

Clique aqui para baixar o PDF do Decreto.